O FGAA11, um dos Fiagros mais buscados da B3, voltou a chamar atenção dos investidores em 2025. Após um período de forte desvalorização, o fundo iniciou uma trajetória de recuperação, impulsionado por uma proposta ousada: aumentar os dividendos pagos aos cotistas. Com um dividend yield que chegou a 14,9% nos últimos 12 meses, muitos passaram a reconsiderar o ativo. Mas por trás dessa atratividade, esconde-se uma carteira concentrada e arriscada, que exige cautela.
Recuperação das cotas após forte queda
Desde a mínima registrada em dezembro de 2024, o FGAA11 apresenta uma recuperação de quase 20%, voltando a ser negociado próximo da faixa dos R$ 8,50 a R$ 9. A desvalorização anterior refletia um cenário macroeconômico adverso, com incertezas fiscais, instabilidade no setor do agronegócio, crises climáticas e inadimplência crescente em títulos de crédito como os CRAs.
O fundo, que estava sendo negociado com desconto significativo em relação ao seu valor patrimonial, decidiu adotar estratégias para reconquistar a confiança do mercado.
O que está por trás do aumento dos dividendos?
Um dos principais catalisadores da recuperação foi o guidance de dividendos. O FGAA11, que vinha pagando entre R$ 0,10 e R$ 0,11 por cota, passou a projetar distribuições de até R$ 0,125 para os próximos meses. Isso despertou o interesse de investidores em busca de renda passiva.
Mas o aumento nos proventos não veio acompanhado de novos investimentos ou melhora na carteira — e sim de uma estratégia pontual: a amortização de parte do patrimônio do fundo.
Ao invés de reinvestir os valores recebidos com amortizações de CRAs, a gestão optou por distribuí-los aos cotistas, buscando compensar a perda de valor das cotas. Essa decisão pode ser interpretada como uma forma de “recompra indireta”, tentando devolver valor ao investidor enquanto a CVM não aprova o programa formal de recompra.
A carteira do FGAA11: diversificada ou arriscada?
Apesar do bom desempenho recente, o FGAA11 carrega uma característica que merece atenção redobrada: a concentração de risco. Com cerca de R$ 431 milhões em patrimônio líquido, o fundo tem alocação majoritária em Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), especialmente ligados ao setor sucroenergético — açúcar, etanol, processamento de milho e fertilizantes.
Principais devedores
A carteira do fundo é formada por grandes nomes do setor, como Jalles Machado, Usina Lins, ISA, Alcooleste e WD Agroindustrial. No papel, isso parece positivo. Porém, ao analisar a exposição individual, percebe-se que há devedores com peso considerável no portfólio:
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WD responde por mais de 5,6% do patrimônio líquido;
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Alcooleste aparece com quatro CRAs distintos;
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Outras empresas como Santa Fé, Sonora e Batatais também estão repetidas.
Essa alta concentração em poucos nomes expõe o fundo a riscos significativos. Caso uma dessas empresas enfrente dificuldades financeiras ou entre em recuperação judicial, o impacto pode ser severo nos rendimentos e na cotação das cotas.
Estratégia de carrego vs. giro
A carteira do FGAA11 é dividida em duas estratégias principais:
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Carrego (63%): CRAs mantidos até o vencimento, recebendo juros e amortizações regularmente.
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Giro (29%): CRAs adquiridos para venda com lucro, aproveitando variações de mercado.
Há ainda uma pequena parcela em caixa e outros Fiagros. Essa diversificação de estratégias visa otimizar os retornos, mas depende de decisões assertivas da gestão para funcionar de forma eficiente.
Vale a pena investir no FGAA11?
A rentabilidade histórica do FGAA11 é notável: nos últimos três anos, rendeu cerca de 50%, superando tanto o CDI quanto o IMA-B. Ainda assim, a exposição concentrada e a estratégia de distribuir amortizações em vez de reinvestir podem não agradar a todos os perfis de investidor.
Pontos positivos:
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Dividend yield elevado;
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Cotação abaixo do valor patrimonial;
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Carteira com empresas de grande porte;
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Rentabilidade histórica acima dos principais indexadores.
Pontos de atenção:
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Alta concentração em poucos devedores;
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Risco elevado de inadimplência;
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Distribuição de amortizações pode afetar o crescimento do fundo;
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Baixa diversificação setorial.
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