A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) está novamente no radar dos investidores. Com bons resultados financeiros, dividendos generosos no histórico recente e ruídos sobre mudanças no controle acionário, muitos se perguntam: vale mais a pena investir em CMIG3 ou CMIG4? Este artigo aprofunda os prós, contras e expectativas para cada papel, com foco em dividendos, valuation, risco de tag along e cenário de privatização.
O que diferencia CMIG3 e CMIG4?
As ações da Cemig são negociadas sob dois tickers: CMIG3 (ordinária) e CMIG4 (preferencial). Cada uma tem características que impactam diretamente o perfil de risco e retorno do investidor:
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CMIG3 (ordinária):
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Baixa liquidez no mercado.
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80% de tag along, o que garante proteção em caso de mudança de controle da empresa.
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Mais indicada para pequenos investidores que buscam segurança jurídica.
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CMIG4 (preferencial):
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Alta liquidez, preferida por grandes investidores institucionais.
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Sem tag along.
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Melhor retorno percentual em dividendos, já que seu preço de mercado tende a ser inferior ao da ordinária.
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Conclusão inicial: para quem busca dividendos e já tem gestão de risco ajustada, a preferencial (CMIG4) pode ser atrativa. Para quem prioriza segurança em eventuais mudanças societárias, a CMIG3 oferece mais garantias.
Riscos e oportunidades com o tag along
A ausência de tag along na CMIG4 levanta preocupações sobre uma eventual troca de controle, seja por privatização ou federalização. Em tese, sem tag along, o investidor minoritário da preferencial pode ficar de fora de um possível prêmio pago ao controlador majoritário em uma oferta pública.
No entanto, o mercado parece não precificar esse risco com tanto pessimismo. A CMIG4 tem se valorizado, mesmo com os ruídos sobre mudanças de controle. Isso mostra que os investidores acreditam que:
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Uma eventual transição seria feita de forma estruturada.
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Mudanças no estatuto social poderiam ser discutidas antes de qualquer reorganização societária.
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Queimar o filme com o mercado seria prejudicial demais para uma companhia listada há décadas na Bolsa.
A empresa continua barata? Olhando os fundamentos
Balanço sólido e crescimento contínuo
A Cemig apresenta um cenário financeiro robusto:
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Receitas, lucros e margens crescentes ao longo dos últimos trimestres.
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ROE e lucro líquido em alta.
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Indicadores de endividamento em queda.
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Ebitda crescente, o que reduz a alavancagem da empresa.
Esses fundamentos sustentam a ideia de que a ação, especialmente a preferencial, ainda apresenta um certo desconto, apesar da alta recente.
Valuation atrativo
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Preço/Lucro (P/L) abaixo de 5x para CMIG4 — considerado barato para o setor.
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EV/Ebitda em queda, sinalizando que o valor de mercado da empresa está defasado em relação à sua geração de caixa.
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Negociação ligeiramente acima do valor patrimonial (1,3x), mas compensada por crescimento no patrimônio.
Estimativa de preço justo gira em torno de R$ 13,50 a R$ 14,00, enquanto a CMIG4 oscila na casa dos R$ 11.
E os dividendos da Cemig em 2025?
O grande atrativo das ações da Cemig nos últimos anos tem sido seu alto dividend yield. No entanto, a companhia deve entrar em um ciclo mais agressivo de investimentos, sobretudo na área de distribuição — o que pode reduzir temporariamente a distribuição de proventos.
Estimativas para os próximos anos:
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Dividendos esperados em torno de R$ 0,80 por ação.
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Dividend yield estimado entre 7% e 8%, bem abaixo dos patamares históricos acima de 12%.
Ainda assim, para quem busca consistência e segurança, o rendimento continua competitivo.
Por que alguns analistas estão recomendando venda?
O banco JP Morgan recentemente rebaixou sua recomendação para as ações da Cemig, citando dois pontos principais:
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Possível queda nos dividendos no curto prazo, como já mencionamos.
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Incerteza sobre a privatização, que pode desanimar investidores que esperam valorização rápida.
Mas atenção: essas recomendações têm viés de curto prazo. Se seu foco é construção de patrimônio no longo prazo, a tese permanece forte, desde que as ações estejam abaixo do seu preço teto.
Diversificação é a chave para investir em elétricas
Mesmo com fundamentos sólidos, não é recomendável concentrar sua carteira apenas em Cemig. O ideal é compor uma carteira com duas ou três elétricas complementares, especialmente para suavizar impactos nos ciclos de investimento.
Outras boas pagadoras de dividendos no setor:
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Taesa (TAEE11): Política de distribuir até 100% do lucro em 2025.
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CPFL Energia (CPFE3): Proposta de R$ 2,79 por ação já anunciada.
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Engie Brasil (EGIE3): Antecipou investimentos e deve voltar a pagar 100% do lucro em breve.
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Copel (CPLE6): Reestruturação após privatização pode aumentar o payout a partir de 2026.
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Eletrobras (ELET3/ELET6): Possibilidade de adoção de política de dividendos mais agressiva.
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