BDIV11 caiu de R$ 124 para R$ 35: o que aconteceu com o fundo?

O fundo BDIV11, voltado para investimentos em infraestrutura, entrou em um novo ciclo após a venda do ativo Linhares. Essa operação resultou na devolução de parte do capital aos cotistas e marcou um ponto de virada na estrutura da carteira. Agora com apenas dois ativos — sendo um responsável por 86% da alocação — o fundo enfrenta um novo desafio: manter sua atratividade em um cenário de maior concentração e menor diversificação.

Linhares: venda realizada, capital devolvido

A venda da participação no projeto de Linhares gerou lucros significativos, parte dos quais foram distribuídos aos cotistas em forma de dividendos. O restante foi amortizado, ou seja, devolvido ao capital investido. A cota do fundo, que girava em torno de R$ 124, foi impactada por essa amortização e atualmente gira na casa dos R$ 35 a R$ 36.

Em termos numéricos, foram cerca de R$ 65 por cota devolvidos via amortização e quase R$ 15 em distribuição de lucros — resultado direto da transação com Linhares. O impacto foi visível na cotação e no valor patrimonial do fundo, que caiu de R$ 105 para a faixa dos R$ 38.

Composição atual: uma linha forte e uma PCH de menor peso

Tropicalia – A linha de transmissão que sustenta o fundo

Hoje, o principal ativo do BDIV11 é a linha de transmissão Tropicalia. Com 245 km de extensão e capacidade de 500 kV, ela está em operação desde 2021 na Bahia. Com um valor estimado de R$ 370 milhões, representa cerca de 86% do patrimônio do fundo. O desempenho operacional do ativo está dentro do esperado, com alta disponibilidade em 2024, atingindo 100% de operação em boa parte do ano.

PCH Rio Claro – Baixo peso na carteira

O segundo ativo é a Pequena Central Hidrelétrica (PCH) localizada em Rio Claro (RJ), em operação desde 2011. Com potência instalada de 11,6 MW (dos quais apenas 8 MW contratados) e investimento inicial de R$ 60 milhões, a PCH representa apenas 14% do fundo. Apesar de manter geração dentro da média histórica, sua influência na rentabilidade do fundo é limitada.

Dividendos: o que esperar nos próximos meses?

Mesmo com a nova composição da carteira, o fundo ainda projeta distribuições relevantes. A última foi de R$ 1,60 por cota, e há expectativas de novas distribuições nos meses de abril, julho e novembro.

Existe ainda a possibilidade de o fundo receber uma bonificação contratual relacionada à venda de Linhares, caso metas estabelecidas em contrato sejam atingidas. Se confirmada, essa bonificação poderia manter ou até elevar o patamar atual de dividendos, sustentando a atratividade da cota nos próximos meses.

Liquidez e rentabilidade: o que os números mostram?

O BDIV11 segue com liquidez diária média de R$ 500 mil, o que oferece razoável capacidade de entrada e saída para o investidor. A taxa de retorno implícita, considerando o atual valor da cota (R$ 36,50), gira em torno de IPCA + 10% ao ano — um número competitivo diante da atual conjuntura econômica.

Características dos FIPs: entenda o modelo

Diferente dos fundos imobiliários tradicionais (FIIs), os Fundos de Investimento em Participações em Infraestrutura (FIP-IE) como o BDIV11:

  • Não são obrigados a distribuir 95% dos lucros, podendo reter capital para novos investimentos; 
  • Têm isenção de imposto de renda para pessoas físicas, tanto sobre dividendos quanto sobre o ganho de capital na venda das cotas; 
  • Investem diretamente nos empreendimentos, o que gera maior risco, mas também maior potencial de retorno. 

Valor patrimonial e reavaliações mensais

O BDIV11 tem seus ativos avaliados mensalmente. Cada distribuição impacta o valor patrimonial (VP), que é reduzido no curto prazo. Porém, nas reavaliações, espera-se que o ativo se valorize novamente, recuperando parte do VP. Essa dinâmica é visível no histórico do fundo, que vinha em tendência de alta até a amortização causada pela venda de Linhares.

Oportunidade ou risco? Avaliando o novo cenário

O cenário atual do BDIV11 é desafiador:

  • A carteira ficou concentrada em dois ativos (sendo um com peso de 86%); 
  • Não há perspectiva de novos investimentos imediatos, já que o capital da venda foi devolvido aos cotistas; 
  • Ainda assim, os rendimentos continuam interessantes no curto prazo, com dividendos na casa de R$ 1,60 e possível bonificação extra futura. 

O investidor deve estar ciente dos riscos de concentração, mas também das vantagens da previsibilidade das receitas da linha de transmissão, somadas à isenção tributária e à boa liquidez.

O BDIV11 oferece uma proposta atrativa de renda passiva isenta de impostos, mesmo com a carteira enxuta. A grande questão é se o fundo conseguirá manter ou ampliar seus rendimentos apenas com os dois ativos atuais. Para investidores com apetite moderado ao risco e foco em dividendos, o fundo ainda pode ser uma boa pedida — especialmente se houver novas distribuições generosas nos próximos meses.

Mas atenção: o cenário demanda acompanhamento constante dos relatórios gerenciais e atenção às movimentações do gestor quanto a possíveis novas aquisições, emissões ou bonificações.

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