Em declaração recente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil deve crescer acima de 3% em 2025, superando a previsão de 2,3% do Ministério da Fazenda. O otimismo presidencial contrasta com o cenário vívido pela população, que sofre com a alta dos preços dos alimentos, queda no poder de compra e juros ainda elevados.
“Quero desafiar os teóricos: o Brasil vai crescer mais de 3% porque teremos aumento real do salário mínimo, acordos salariais acima da inflação e crédito acessível para quem quer empreender”, disse Lula. A fala ecológica sua visão desenvolvimentista, centrada no consumo e no papel do Estado como indutora do crescimento.
A realidade no bolso do brasileiro
Apesar da preocupação, especialistas e analistas alertam para um descompasso entre o discurso do governo e a realidade das famílias. Alimentos básicos como carne, ovos e café tiveram aumentos expressivos, corroendo o orçamento das famílias mais pobres justamente a base do eleitorado do presidente.
Ainda que o rendimento médio do trabalhador esteja em alto, o impacto da inflação alimentar é sentido diretamente no carrinho de supermercado. “Não adianta prometer crescimento se a população não consegue comprar nem o básico para comer”, afirmou a comentarista Luana Tavares.
Juros altos e política monetária
Outro fator que pressionou a economia é a taxa básica de juros. A elevação da Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom) sinaliza uma política de contenção da inflação que, ao mesmo tempo, pode frear o crescimento projetado. Analistas apontam que a medida busca agradar o mercado financeiro, mas penaliza o consumo e o crédito, pilares do otimismo do governo.
A comentarista econômica Carla destacou que “o aumento da Selic prioriza a confiança do mercado, mas penaliza a retomada do crescimento, gerando um conflito entre o discurso presidencial e a política política monetária em curso”.
Risco de desconexão com a realidade
Lula também possui que há mais crédito para pequenos e médios empreendedores, com foco inclusive em mulheres que desejam abrir seus próprios negócios. No entanto, a percepção de parte da sociedade é de que o governo está distante da realidade atual.
“O presidente segue com uma narrativa semelhante à de décadas atrás, apostando no crescimento estatal e ignorando transformações profundas na economia e no comportamento da sociedade”, disse a analista Ana Beatriz.
Medidas fiscais em debate
Na tentativa de conter a queda de popularidade, o governo apresentou um projeto para ampliar a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Também se discute a ampliação do programa Minha Casa Minha Vida para a classe média, atendendo famílias com renda entre R$ 8 mil e R$ 12 mil. No entanto, as medidas ainda não foram aprovadas e enfrentaram resistência no Congresso.
Os economistas alertam que, sem um ajuste fiscal estrutural e cortes nos gastos públicos, as medidas podem ter impacto pouco prático no curto prazo. “Não adianta pensar em compensações futuras como restituições em maio do ano seguinte. As pessoas precisam de soluções agora”, afirmou Carla.
Crescimento sim, mas com cautela
Os dados do PIB apresentam resultados positivos, com destaque para os setores de serviços e indústria. No entanto, há sinais de desaceleração no consumo das famílias, e o desemprego ainda é uma preocupação à frente. A questão climática também impactou a produção agrícola, pressionando os preços e contribuindo para a inflação.
Assim, embora a previsão de crescimento de 3% para 2025 seja factível, ela precisa ser acompanhada de políticas estruturais, comunicação clara e medidas que cheguem rapidamente ao cotidiano da população.
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