Com a taxa de juros em patamares elevados e o Tesouro IPCA+ oferecendo retorno real superior a 7,5% ao ano, muitos investidores se veem diante de uma dúvida comum: investir no Tesouro IPCA+ ou apostar no tradicional Tesouro Selic?
Para quem acompanha o mercado, a plataforma do Tesouro Direto — criada em 2002 — nunca esteve tão movimentada. A alta procura reflete a atratividade dos títulos públicos em tempos de incerteza econômica. Mas, para tomar a melhor decisão, é essencial entender não só os números, mas também o cenário macroeconômico, o perfil de risco e os objetivos de cada investidor.
Como funcionam os títulos do Tesouro Direto?
Tesouro Selic
Esse título acompanha 100% da taxa básica de juros da economia, acrescida de um pequeno adicional. É considerado o investimento mais seguro e com menor volatilidade do Tesouro Direto, ideal para quem busca liquidez e proteção em curto prazo.
Tesouro IPCA+
Já o Tesouro IPCA+ é um título híbrido: garante uma taxa fixa mais a variação da inflação (IPCA) durante o período de aplicação. Em 2025, ele chega a oferecer 7,5% ao ano acima da inflação, tornando-se uma opção bastante atrativa para quem visa ganhos reais no longo prazo.
Cenários projetados: quem leva vantagem?
Vamos à prática. Suponha que a Selic média fique em 13,25% ao ano até 2028. Nesse caso, um título Tesouro Selic renderia aproximadamente 13,356% ao ano. Com isso, R$ 100 mil investidos hoje poderiam se transformar em cerca de R$ 145 mil em três anos.
No mesmo período, considerando uma inflação anual de 5% e um Tesouro IPCA+ com taxa de 7,68%, o retorno final seria em torno de 44% — quase empatando com o Selic, mas com maior exposição ao risco de mercado.
E se a inflação disparar?
Num cenário de inflação alta (ex: 15% ao ano), o Tesouro IPCA+ tende a se destacar no retorno bruto, pois acompanha a escalada dos preços. Entretanto, o imposto de renda também cresce, impactando o rendimento líquido. Já o Tesouro Selic pode apresentar perda real, embora o Banco Central geralmente reaja elevando a Selic para conter a inflação, o que pode amenizar essa perda.
Riscos e volatilidade: o fator decisivo
Tesouro Selic:
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Quase nenhuma volatilidade.
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Crescimento diário, ideal para reservas de emergência.
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Baixo risco de mercado.
Tesouro IPCA+:
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Oscilações diárias maiores, similares à renda variável.
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Riscos de marcação a mercado para quem vende antes do vencimento.
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Mais indicado para objetivos de longo prazo, como aposentadoria ou educação dos filhos.
E o histórico de desempenho?
Nos últimos 10 anos, o Tesouro Selic teve retorno real de cerca de 3,24% ao ano, com mínimas quedas mensais (0,27%). Já o Tesouro IPCA+ teve retorno médio de 4,5% ao ano, mas com quedas pontuais de até 7% em crises — mostrando maior potencial de retorno, porém com mais riscos.
Estratégia vencedora: e se não for “ou”, mas “e”?
Uma das estratégias mais eficientes adotadas por investidores experientes é a diversificação. Ao mesclar Tesouro IPCA+ e Selic, é possível reduzir o risco da carteira sem comprometer o retorno.
Um portfólio com 50% em Tesouro Selic e 50% em IPCA+ reduz a volatilidade, preservando parte do potencial de ganho. É essa a estratégia adotada por planejadores financeiros do Clube do Valor, que gerenciam mais de R$ 4 bilhões em patrimônio.
Como decidimos no Clube do Valor?
Ao receber um novo cliente, o time analisa três fatores principais:
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Características dos títulos
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Cenários econômicos futuros
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Objetivos pessoais e tolerância ao risco
Para quem precisa do dinheiro no curto prazo ou quer segurança, Tesouro Selic costuma ser a escolha ideal. Já para quem busca maximizar ganhos no longo prazo, Tesouro IPCA+ ganha força na carteira — especialmente quando combinado com outros ativos.
Além disso, a estratégia chamada “escada de vencimentos” é aplicada, combinando diferentes prazos e tipos de título para garantir fluxo de caixa previsível e otimização tributária.
O post Tesouro IPCA+ rende 7,5% acima da inflação: vale mais que o Selic em 2025? apareceu primeiro em O Petróleo.