Em mais um movimento que eleva o tom da política externa dos Estados Unidos, o ex-presidente e atual pré-candidato Donald Trump anunciou nesta segunda-feira (25) que irá impor uma tarifa de 25% sobre qualquer país que comprar petróleo ou gás da Venezuela. A medida, divulgada por Trump na rede social Truth Social, deverá entrar em vigor no dia 2 de abril, marcando uma escalada nas tensões com o regime de Nicolás Maduro e impactando diretamente o comércio global de energia.
Segundo Trump, a decisão se justifica pelo que chamou de “comportamento hostil” da Venezuela em relação aos Estados Unidos. Ele alegou que o país sul-americano teria enviado “milhares de criminosos violentos” para território norte-americano, intensificando o discurso duro contra o governo de Caracas.
Objetivo político e impacto global
A medida representa uma política tarifária secundária, ou seja, uma sanção imposta não apenas ao país-alvo, mas também a terceiros que mantêm relações comerciais com ele. O objetivo declarado de Trump é isolar economicamente o governo de Maduro e pressionar outros países a deixarem de comprar petróleo venezuelano.
Com isso, os efeitos da nova tarifa podem ser amplos. Países que atualmente importam petróleo da Venezuela, como China, Índia e algumas nações da América Latina, terão que reavaliar suas estratégias comerciais para evitar custos adicionais com exportações para os Estados Unidos — caso desejem manter o acesso ao mercado americano.
Reação dos mercados e contexto econômico
O anúncio gerou repercussões imediatas nos mercados financeiros. No Brasil, o Ibovespa recuou no início da semana, refletindo a instabilidade internacional gerada pela fala de Trump. Já o dólar teve leve alta, cotado a R$ 5,74, impulsionado pelo temor de que a nova política tarifária aumente a volatilidade no comércio global de petróleo.
Nos Estados Unidos, apesar do tom mais duro contra a Venezuela, investidores demonstraram otimismo com rumores de que tarifas chinesas possam ser mais brandas, o que ajudou índices como o Nasdaq a subirem até 2% no mesmo dia.
Além disso, Trump também criticou o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, exigindo uma redução na taxa de juros. O pedido veio logo após o Fed manter os juros inalterados, alegando que a economia dos EUA continua se expandindo em ritmo sólido.
Estratégia eleitoral e endurecimento retórico
A nova ameaça tarifária faz parte de uma série de declarações de Trump com foco eleitoral. O ex-presidente vem adotando uma postura cada vez mais rígida em relação à política externa, com críticas frequentes a adversários internacionais e ao próprio sistema financeiro americano.
No caso da Venezuela, a retórica visa reforçar o alinhamento com setores conservadores da política americana que condenam a aproximação com regimes autoritários. Ao mesmo tempo, busca pressionar o governo Biden, que vem tentando negociar alívios parciais de sanções em troca de concessões democráticas por parte do governo venezuelano.
Possíveis reações internacionais
Ainda não houve manifestações oficiais por parte da Venezuela ou dos países que mantêm relações comerciais com ela. No entanto, especialistas em relações internacionais apontam que a medida pode gerar retaliações diplomáticas e acelerar a aproximação da Venezuela com potências como China e Rússia, num realinhamento geopolítico cada vez mais polarizado.
A União Europeia, que vinha tentando mediar um diálogo entre Maduro e a oposição venezuelana, pode ver seus esforços comprometidos caso a medida dos EUA leve a uma nova onda de sanções cruzadas.
Brasil e América Latina na mira
O Brasil, apesar de atualmente importar pouco petróleo da Venezuela, pode sentir reflexos indiretos, tanto pelo impacto nos preços internacionais do petróleo quanto pelas possíveis instabilidades regionais. Além disso, há preocupações com os efeitos da medida nas relações comerciais entre países latino-americanos e os Estados Unidos, especialmente para aqueles que buscam manter uma posição diplomática neutra.
Importações de ovos e gripe aviária nos EUA
Enquanto aumenta a pressão sobre a Venezuela, os Estados Unidos enfrentam uma crise interna no setor alimentício. O país quase dobrou as importações de ovos do Brasil após o surto de gripe aviária, que desde 2022 matou cerca de 170 milhões de aves nos EUA. A alta de 93% nas importações brasileiras tem como objetivo conter a inflação dos alimentos e estabilizar os preços nos supermercados e restaurantes americanos.
O governo norte-americano lançou um plano de US$ 1 bilhão para apoiar produtores, desenvolver vacinas e garantir o abastecimento. O valor do ovo no atacado subiu mais de 50% apenas no mês de fevereiro, impactando diretamente o bolso dos consumidores.
A ameaça de tarifa de 25% sobre quem negociar petróleo com a Venezuela adiciona mais um elemento de tensão à conjuntura internacional. Em ano eleitoral nos EUA, Trump aposta em medidas de impacto para retomar protagonismo e influenciar os rumos da política externa americana. As próximas semanas serão decisivas para observar como os países afetados reagirão e quais serão os reflexos nos mercados globais.
O post Trump ameaça taxar em 25% países que comprarem petróleo da Venezuela apareceu primeiro em O Petróleo.