Congresso aprova orçamento de 2025 com atraso e previsão otimista de superávit de R$ 15 bilhões

Após três meses de atraso, o Congresso Nacional finalmente aprovou o orçamento da União para 2025. O texto prevê um superávit primário de R$ 15 bilhões, valor que, segundo economistas, pode ser uma economia otimista diante das incertezas econômicas e do estresse dos gastos públicos. A proposta ainda traz o aumento expressivo das emendas parlamentares, que somam R$ 50 bilhões um volume que, segundo especialistas, compromete a qualidade dos investimentos estruturais do país.

Segundo Lucas Saqueto, economista da GO Associados, o superávit projetado depende de uma série de variações difíceis de controlar. Entre eles, está o desempenho da economia brasileira em um cenário de juros ainda elevados e riscos externos, como o acirramento da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. “A receita estimada pelo governo exige um crescimento econômico robusto, o que pode não se concretizar. Além disso, o orçamento prevê apenas R$ 1 bilhão para o programa Pé-de-Meia, que deve custar cerca de R$ 13 bilhões”, destaca o especialista.

Outro ponto sensível é o volume recorde de emendas parlamentares, que somam mais de R$ 50 bilhões. Embora parte desses recursos vá para investimentos em prefeituras e pequenos projetos regionais, a falta de planejamento centralizado levanta críticas sobre a eficiência desses gastos. “As emendas não seguem um plano nacional de investimentos. Muitas vezes, atendem a interesses locais e políticos, sem foco em infraestrutura de longo prazo”, critica Saqueto.

Para efeito de comparação, o total previsto para investimentos públicos em 2025 gira em torno de R$ 90 bilhões. Na prática, as emendas parlamentares representam mais da metade desse valor, o que, na avaliação do economista, poderia ser melhor alocado em projetos estruturantes. “O Brasil tem gargalos evidentes em infraestrutura. O país precisa de um plano robusto de investimentos, e as emendas acabam diluindo os recursos em iniciativas pontuais e, muitas vezes, ineficazes”, completa.

O atraso na aprovação do orçamento também foi alvo de críticas. Essa é a 11ª vez desde 1988 que o Brasil não cumpre o prazo para aprovação do projeto orçamentário, que deveria ter sido votado no final do ano anterior. “A demora é um péssimo sinal para investidores e para a sociedade. Mostra desorganização e falta de planejamento do governo e do Congresso”, avalia Saqueto.

Apesar da aprovação, o orçamento de 2025 ainda levanta mais dúvidas do que certezas. A execução do plano dependerá da capacidade do governo de arrecadar o previsto, conter os gastos e lidar com a pressão de políticas crescentes. Medidas de corte de despesas anunciadas pelo Ministério da Fazenda que somaram R$ 70 bilhões até 2026 ainda enfrentam resistência no Legislativo, o que pode dificultar o cumprimento da meta fiscal.

Para especialistas, o Brasil precisa avançar em reformas estruturais, como administrativas, e promover uma alocação mais estratégica de recursos públicos. “Não falta teoria ou propostas técnicas. O que falta é vontade política para priorizar o interesse público sobre interesses eleitorais e regionais”, conclui Saqueto.

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