A Cemig (CMIG4) divulgou recentemente uma proposta de pagamento de dividendos adicionais no valor de R$ 1,8 bilhão, que será votada em Assembleia Geral marcada para 30 de abril de 2025. Além disso, há uma forte expectativa no mercado de que a companhia também anuncie uma nova bonificação em ações, seguindo o histórico recente de valorização ao acionista. A proposta chega em um momento em que a estatal mineira, mesmo com uma queda no lucro do 4º trimestre de 2024, encerrou o ano com resultados sólidos e um avanço expressivo nos investimentos.
Lucro anual cresce 23%, apesar de trimestre pressionado
No último trimestre de 2024, o lucro líquido da Cemig caiu 47% em relação ao mesmo período de 2023, totalizando R$ 998 milhões. O recuo foi influenciado por aumento de custos operacionais, despesas financeiras com juros mais altos e uma queda significativa na área de comercialização de energia, que recuou 63%.
Entretanto, no consolidado do ano, a companhia surpreendeu positivamente, com lucro líquido de R$ 7 bilhões, representando um crescimento de 23% em relação ao ano anterior. O EBITDA também avançou 32%, fechando em R$ 11,2 bilhões, sinalizando forte geração de caixa e robustez operacional.
Receita cresce, mas custos pressionam resultado do trimestre
A receita líquida da companhia cresceu 12% no 4T24, totalizando R$ 11 bilhões, impulsionada principalmente pelo desempenho no segmento de distribuição. No entanto, o custo total aumentou 18%, com destaque para os investimentos em infraestrutura, que subiram 25%, refletindo o foco estratégico da companhia em expansão e modernização da rede.
Capex recorde e foco em distribuição
A Cemig investiu R$ 5,7 bilhões em 2024, um aumento de quase R$ 1 bilhão em relação ao ano anterior. O destaque foi a área de distribuição, que recebeu mais de R$ 4 bilhões, consolidando-se como o principal segmento da companhia. Também houve aportes relevantes em transmissão, geração, gás e expansão da Cemig SIM.
Esses investimentos impactaram os resultados de curto prazo, mas mostram o comprometimento da empresa com crescimento sustentável e infraestrutura energética.
Endividamento aumenta, mas fluxo de caixa segue saudável
A alavancagem da companhia subiu, com a relação dívida líquida/EBITDA passando de 0,8x para 1,3x em 2024, reflexo dos investimentos e do aumento dos juros no país. O custo da dívida chegou a 12%, com 61% dela atrelada ao IPCA e 39% ao CDI, impactando as despesas financeiras.
Apesar disso, o fluxo de caixa consolidado se manteve estável em R$ 2,3 bilhões, o que garante fôlego para manter os investimentos e honrar os pagamentos de proventos aos acionistas.
Dividendos adicionais podem elevar yield para 15%
Se aprovada a proposta de R$ 1,8 bilhão em dividendos adicionais, o dividend yield da CMIG4 pode superar 15%, colocando a Cemig entre as maiores pagadoras do setor elétrico brasileiro. O valor estimado por ação seria de R$ 0,65, considerando a base acionária atual, de aproximadamente 2,8 bilhões de papéis.
Importante lembrar que em agosto de 2024, a empresa pagou dividendos adicionais também no mesmo mês em que foram anunciados. Caso o histórico se repita, os acionistas podem receber os novos dividendos ainda em abril de 2025.
Bonificação de ações pode ser anunciada junto à Assembleia
Outro ponto de atenção é a possibilidade de bonificação de ações, cuja proposta deve ser enviada pela companhia até 31 de março. Em 2024, a Cemig já realizou uma bonificação de 30%, fortalecendo o posicionamento da empresa como uma alternativa interessante para investidores de longo prazo, especialmente aqueles com foco em acúmulo patrimonial.
A bonificação, apesar de não alterar o valor total investido, dilui o preço médio e aumenta a quantidade de ações em carteira, beneficiando principalmente investidores que reinvestem proventos e mantêm os papéis por períodos prolongados.
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