O fundo imobiliário KFOF11, da gestora Kinea, mostrou sinais claros de recuperação em fevereiro, com um avanço significativo no valor patrimonial e uma movimentação estratégica rumo aos fundos de papel. Em meio a um cenário macroeconômico instável, alta volatilidade no IFIX e queda na participação de investidores pessoas físicas, o fundo demonstra resiliência e visão de longo prazo.
Patrimônio em alta e reversão de tendência
Segundo o relatório divulgado em 8 de março, referente ao desempenho de fevereiro, o valor patrimonial do KFOF11 subiu cerca de 5%, passando de R$ 78 para quase R$ 82 por cota. Essa valorização marcou a primeira reversão de uma tendência de queda que se estendia desde setembro de 2024.
De acordo com a gestora, dois fatores explicam essa virada:
- Redução nas taxas de juros futuras, que reacenderam o apetite por ativos de risco.
- Nível histórico de desconto nos fundos imobiliários de tijolo e de crédito, que atingiram os maiores patamares desde 2017.
A análise mostra que o deságio nos FIIs de crédito chegou a 13%, enquanto nos de tijolo ultrapassou os 25%. Isso atraiu compradores estratégicos em busca de barganhas.
Saída da pessoa física e entrada de institucionais
O relatório também revelou uma queda consistente no número médio de cotistas do IFIX nos últimos meses. Desde setembro de 2024, observou-se um movimento contínuo de saída da pessoa física, impactada pelo desempenho negativo do índice e pelo ambiente macroeconômico desafiador.
Por outro lado, investidores institucionais passaram a aumentar sua exposição ao setor. O fluxo de capital aponta para uma migração de cotas das mãos da pessoa física para as de grandes players, como fundos de pensão e instituições financeiras. Essa movimentação, segundo a gestora, pode oferecer maior estabilidade e resiliência ao mercado de FIIs.
Estratégia: mais papel para surfar a inflação
Diante da deterioração fiscal e das incertezas políticas, a Kinea reforçou sua posição em fundos de CRI (Certificados de Recebíveis Imobiliários). Em fevereiro, 2% do patrimônio do KFOF11 foi alocado nesse tipo de ativo, que agora representa quase 50% da carteira do fundo.
A ideia é clara: proteger-se da inflação e capturar rendimentos elevados enquanto os juros permanecem em patamares elevados. O movimento é típico de momentos em que o cenário fiscal inspira cautela e a gestão busca previsibilidade na geração de rendimentos.
Segundo a gestora, enquanto não houver mudanças estruturais nas contas públicas — o que não parece estar no horizonte —, a exposição a fundos de CRI continuará sendo priorizada.
Composição do rendimento: estabilidade no radar
No mês analisado, o fundo gerou R$ 0,76 por cota e distribuiu R$ 0,75, alinhando-se à previsão (guide) de R$ 0,75 mensais até o final do primeiro semestre. A estratégia de não realizar ganhos de capital no curto prazo reflete o foco na segurança da carteira e na manutenção de rendimentos consistentes.
A liquidez do fundo também continua sólida, com negociação média de R$ 1,6 milhão por dia — um bom volume para quem busca facilidade na entrada e saída do ativo.
IFIX volátil e o “delírio coletivo” do mercado
Outro destaque do relatório foi a análise da volatilidade recente do IFIX, que tem oscilado fortemente diante de sinais ambíguos do governo e do cenário internacional.
A gestora faz uma crítica velada ao otimismo exagerado de parte do mercado, que interpretou uma queda na popularidade do presidente Lula e pesquisas eleitorais desfavoráveis como sinais de melhora estrutural. A Kinea lembra que ainda há quase dois anos até a eleição de 2026 e que a deterioração fiscal pode se intensificar até lá.
A recomendação é clara: cautela.
Recuperação de prejuízos: uma opção tática com FOF
O relatório também sugere que o KFOF11 pode ser uma opção interessante para quem deseja recompor perdas em outros fundos da carteira. Com um preço ainda descontado — cotado em torno de R$ 74, embora tenha saído de R$ 65 recentemente —, o upside potencial é estimado em até 45%.
Para investidores que acumulam prejuízos em fundos problemáticos, a realocação para um FOF bem gerido pode ajudar na recuperação de capital, sem a necessidade de esperar uma valorização improvável de ativos de baixa qualidade.
Ainda assim, a gestora alerta: essa estratégia exige atenção, pois o timing do mercado e o uso adequado dos recursos são cruciais. Realizar prejuízo para comprar um FOF pode ser eficaz, mas depende de como será feita a gestão futura do capital.
Com um relatório completo, transparente e atualizado, o KFOF11 mostra por que pode ser uma boa opção para iniciantes e investidores experientes. A alocação estratégica em CRIs, a capacidade de leitura do cenário macro e a consistência na entrega de rendimentos colocam o fundo em uma posição de destaque dentro dos FOFs.
Mesmo diante de um Brasil com alto risco fiscal, inflação pressionada e cenário político imprevisível, o fundo aposta na diversificação e em ativos defensivos para manter a performance.
Para quem busca um fundo com bom potencial de valorização e uma gestão ativa diante da tempestade, o KFOF11 pode ser uma escolha estratégica.
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