RAIZ4: como venda na Argentina pode destravar cotação e beneficiar investidores

A Raízen (RAIZ4), joint venture entre Shell e Cosan, enfrenta um momento crítico devido à alta alavancagem financeira. Uma possível venda bilionária de sua refinaria na Argentina pode ser o divisor de águas que investidores aguardam para destravar a cotação das ações, hoje pressionadas por um endividamento elevado e juros altos.

O que está em jogo na venda?

Em 2018, a Raízen adquiriu uma refinaria da YPF na Argentina por cerca de 1 bilhão de dólares. Segundo estimativas recentes do Itaú, esse ativo pode valer agora aproximadamente 1,8 bilhão de dólares, quase o dobro do valor inicial, resultando em quase 10 bilhões de reais considerando a taxa atual de câmbio.

Com essa venda, a empresa poderia significativamente reduzir sua dívida líquida, que atualmente supera três vezes o EBITDA, conforme reportado no último trimestre. Diante de uma receita anual próxima a R$ 70 bilhões e um prejuízo recente de R$ 2,6 bilhões, um alívio no caixa dessa magnitude teria um impacto direto e positivo nas finanças da companhia.

Impactos econômicos da venda para a Raízen

Redução significativa da alavancagem

A alavancagem financeira da Raízen passou de um patamar confortável de 0,9 vezes para acima de 3 vezes em menos de dois anos. Com a possível venda, a entrada estimada de quase R$ 10 bilhões reduziria substancialmente essa métrica crítica, diminuindo a pressão sobre os custos financeiros.

Melhora na percepção do mercado

Hoje, analistas como XP Investimentos e Itaú têm uma visão pessimista sobre o desempenho operacional e financeiro da Raízen, levando a constantes recomendações de venda e queda na cotação. A venda bilionária poderia reverter essas percepções negativas, restabelecendo a confiança dos investidores.

Aluguel de ações: uma faca de dois gumes

Outro fator crucial que influencia a cotação da RAIZ4 são as taxas altíssimas pagas em contratos de aluguel de ações. Recentemente, taxas próximas de 30%, estabilizadas agora em torno de 22%, têm atraído investidores interessados na remuneração imediata, mas também contribuído para a queda contínua no preço das ações devido ao aumento das vendas descobertas.

Riscos e benefícios do aluguel

Embora os contratos de aluguel ofereçam retornos atrativos, superiores a 20%, o efeito colateral é uma pressão constante de queda nas cotações, afastando investidores que buscam valorização de longo prazo. Investidores precisam considerar cuidadosamente essa dinâmica, já que o aluguel alimenta um ciclo negativo para a cotação das ações.

Estratégia de financiamento e endividamento

A Raízen também tem utilizado o mercado de dívida internacional, emitindo bonds em dólares com taxas entre 5% e 6%, estratégia adotada para evitar os juros altos do mercado brasileiro, que chegam a 15%. No entanto, isso trouxe outro desafio: 65% da dívida da companhia agora está atrelada à moeda estrangeira, tornando-a vulnerável à volatilidade cambial.

Como o mercado está reagindo?

A reação negativa do mercado é evidente: em apenas 12 meses, RAIZ4 registrou queda superior a 50%. Investidores do IPO, realizado a R$ 6 por ação, enfrentam perdas superiores a 75%, refletindo o momento delicado vivido pela empresa.

Curiosamente, grandes fundos internacionais, como o Wellington, têm aumentado suas posições, já acumulando cerca de 10% das ações preferenciais (RAIZ4). Isso pode indicar uma visão contrária, apostando em uma recuperação após a redução da dívida.

O que esperar no curto e médio prazo?

Uma venda concretizada da refinaria argentina traria um ganho expressivo de caixa, permitindo à Raízen uma folga financeira para reduzir alavancagem, possivelmente retomando programas de recompra de ações e melhorando sua imagem diante dos investidores.

Oportunidade ou cautela?

Para investidores mais conservadores, o momento ainda é de cautela devido à volatilidade e ao elevado endividamento. Já aqueles que buscam uma abordagem mais arrojada podem ver nesta potencial negociação uma oportunidade de entrada antes de uma possível reviravolta positiva.

A venda bilionária na Argentina emerge como um ponto crucial para o futuro da Raízen. O sucesso dessa operação poderá proporcionar não só um alívio financeiro significativo como também representar uma virada estratégica na percepção de investidores e analistas.

Com uma estrutura financeira menos pressionada, RAIZ4 pode finalmente recuperar o valor perdido no mercado, destravando um novo ciclo positivo para suas ações.

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