Os mercados emergentes enfrentaram um dia turbulento nesta quarta-feira (19), refletindo o aumento das incertezas globais e a busca por segurança em ativos de países desenvolvidos. O dólar comercial disparou para R$ 5,72, enquanto o Ibovespa registrou uma queda expressiva de quase 1%, acompanhando um movimento de realização de lucros e aversão ao risco global.
Fatores que impactaram o mercado
A instabilidade dos mercados foi impulsionada por diversos fatores externos, incluindo declarações do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a possibilidade de novas tarifas comerciais contra a Europa e o México. A retórica protecionista elevou temores sobre impactos no comércio global, principalmente em países emergentes, que dependem do fluxo de capitais estrangeiros.
Além disso, a situação geopolítica na Ucrânia e as incertezas sobre as futuras políticas do Federal Reserve em relação aos juros nos Estados Unidos aumentaram a pressão sobre os mercados. A ata da reunião do Fed sinalizou que as taxas podem permanecer elevadas por mais tempo do que o esperado, reduzindo a liquidez global e tornando os mercados emergentes menos atrativos para investidores estrangeiros.
Reação no mercado brasileiro
No Brasil, o Ibovespa acompanhou a tendência global e caiu cerca de 1%, puxado principalmente por perdas em empresas do setor financeiro e varejista. Entre as maiores quedas estavam Banco do Brasil (-2,38%), Localiza (-4,8%) e Magazine Luiza (-3,5%). Empresas expostas ao dólar, como Embraer (+1,2%) e Petrobras (-0,3%), tiveram desempenho menos negativo ou até mesmo positivo.
Os juros futuros também refletiram a maior incerteza, com as taxas dos contratos DI subindo, pressionando ativos sensíveis ao custo do crédito.
Petróleo e commodities: China tenta atrair investimentos
No setor de commodities, o petróleo operou em leve alta, com o Brent cotado a cerca de US$ 83 o barril. A China, maior consumidora global, anunciou medidas para flexibilizar as regras de investimento estrangeiro e estimular o crescimento, em uma tentativa de atrair mais capital para o país e reverter o fluxo de saída registrado em 2024.
Contudo, as preocupações com o setor imobilário chinês e a desaceleração da economia do país continuam sendo entraves para uma recuperação sustentável das commodities.
Perspectivas: o que esperar para os próximos dias?
O mercado segue atento aos desdobramentos das políticas comerciais dos EUA, à evolução dos juros nos mercados globais e ao fluxo de capital para países emergentes. A tensão política no Brasil, com recentes notícias sobre a situação jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro, também pode trazer volatilidade para os próximos pregões.
Enquanto isso, investidores seguem de olho nos próximos balanços corporativos, incluindo o da Vale e do Banco do Brasil, que podem trazer sinais sobre a saúde financeira das grandes empresas brasileiras.
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